segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

In Sem Dia

Ele estava com uma caixa de fósforos e jurou tacar fogo na cidade se eu não olhasse. Era, para o rosto dele, infestado de cupins. Madeira boa, cara de Mogno com Jacarandá. Por dentro é oco, despedaçado pela ação da peste. Na Acyr Prestes, Boulevard Castilhos França, eu corria em uma entrega sem encontrar solução.

Precisava respirar, jardinar meus canteiros e cantinar minha boca. Ocupada, não poderia gritar com medo desse descortínio contido no amanhã. Ele não poderia saber que eu acreditei em cada palavra, palavra-fumaça.

Na minha ânsia de despertar do transe pelas ruas, eu queria vento para me chapar, uma vida obediente, e complacente com tudo que é - as velhas na esquina com os dentes caindo, os ex-difícios convertidos em escombros, pois de escombros a gente segue e refaz, na sapataria que virou pó e carreira ninguém estica mais.

Enquanto a cidade incendia, eu não vejo nada entre os pés que me destroem.

Nenhum comentário:

Postar um comentário